Dia Nacional de Luta Contra a Intolerância Religiosa no Brasil

Erisvaldo Santos
Refletindo sobre a intolerância religiosa

Hoje, 21 de janeiro, é Dia Nacional de Luta Contra a Intolerância Religiosa no Brasil. Através da Lei 11.635/07, sancionada em 27 de dezembro de 2007,o presidente Lula estabeleceu um diploma legal de combate à intolerância religiosa. No entanto, pelo que temos visto, as ações punitivas e restritivas dessa prática ainda são tênues. O sagrado do outro ainda continua sendo vilipendiado, desqualificado como locus de sentido do humano. Sobretudo, porque o Estado Brasileiro não assumiu a tarefa de educar para a construção de uma sociedade verdadeiramente fraterna, fundada no princípio da alteridade. Educadores e educadoras, em maioria quase que absoluta, não reconhecem a religião como um conteúdo cognitivo que tem de ser objeto do currículo escolar, não apenas porque o sagrado participa da dimensão do humano, mas, sobretudo, porque forma subjetividades complexas, intolerantes e problemáticas para a nossa sociabilidade. Apelando para a liberdade de opinião e expressão, muitos pensadores argumentam que não há intolerância em práticas discursivas que ridicularizam e demonizam o sagrado do outro. Com efeito, precisamos nos perguntar se o princípio da liberdade de opinião – o dizer e expressar o que pensa e como se pensa – é superior ao sagrado e às crenças privadas e ancestrais dos segmentos sociais?! As intolerâncias, em geral, ameaçam nossa convivência pacífica! Temos de nos perguntar em que tempo e espaço iremos produzir reflexões abrangentes para mudar essa realidade? Não é mesmo na escola? Será que a família, com todas as suas limitações, tem condições de ensinar o respeito ao sagrado do outro?

Erisvaldo P. dos Santos – educador e sacerdote do Candomblé
Professor Adjunto da Universidade Federal de Ouro Preto. 
Fonte:  
https://www.facebook.com/erisvaldo.santos.395/about?section=overview - Acessado em 21/01/2015

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