A
cultura indígena está no nosso sangue. Adorei aprender um pouco sobre a
língua e os costumes desses povos. Agora sei que sou parte índio",
revela a estudante Anna Manoela Rodrigues Maia, do 5º ano, da Escola
Municipal Dom Orione, localizada na região da Pampulha.
Anna
Manoela chegou a esta conclusão graças ao Dicionário Ilustrado
Tupi-Português, um trabalho que traz a cultura indígena como raiz
sociocultural brasileira e que foi desenvolvido na EM Dom Orione. A obra
é fruto do "Leituras em Conexão", um projeto da Prefeitura de Belo
Horizonte (PBH), criado por meio da Secretaria Municipal de Educação com
o objetivo de desenvolver nos estudantes as habilidades de leitura,
escrita e interpretação, desde a Educação Infantil até a Educação de
Jovens e Adultos.
Idealizadora
do Dicionário Ilustrado Tupi-Português, a professora de História Rosa
Maria Raia contou que o projeto surgiu com a chegada do estudante
Everton Cauquini Batista, do 5º ano, vindo de uma aldeia tupinambá, no
Espírito Santo. Ele veio para Belo Horizonte acompanhando de alguns
membros da família que estudavam na Escola de Educação Indígena
Superior, na UFMG.
Durante
o período de fevereiro a junho de 2017, Cauquini frequentou as aulas na
escola Dom Orione. A presença dele na escola foi um incentivo para a
criação do projeto de valorização da cultura indígena. No início, apenas
três turmas do 5º ano participavam do projeto. À medida que os
professores foram conhecendo a proposta e considerando-a relevante, o
projeto ganhou mais adesões. “Com muita alegria vi o projeto se tornar
um projeto da escola, com a participação de todo o 2º ciclo e a maioria
das turmas do 1º ciclo. Foi uma experiência fantástica, pois o
envolvimento e participação de todos os segmentos da comunidade escolar
foram muito significativos”, disse Rosa Maria.
O
Dicionário Ilustrado Tupi-Português foi confeccionado pelos estudantes
do 2º ciclo em interface com várias disciplinas. Os alunos do 4º e do 5º
anos pesquisaram as palavras de origem tupi com as respectivas
ilustrações, assistiram ao filme Tainá 3 e participaram da oficina de
Contação de Histórias “Lenda do dia e da noite” com a equipe da
biblioteca. Nas aulas de História, os estudantes visitaram sites com
conteúdos indígenas e, através de eleição, escolheram a capa para o
Dicionário. O Jornal do Descobrimento do Brasil foi elaborado pelos
estudantes nas aulas de Português. Nas aulas de Matemática, foi
realizada a oficina de geometria na arte indígena para a montagem de um
exemplar do dicionário com a capa personalizada para cada aluno.
Enquanto
os alunos do 4º e 5º anos confeccionavam o dicionário, os do 6º ano
discutiram sobre a diversidade cultural com o tema “Os índios e a
realidade do aluno”. Assistiram a uma palestra com Paula Viana, Doutora
em Educação Indígena pela UFMG e mãe de uma estudante do 4º ano. Fizeram
seleção das lendas, preparação de cenário e figurinos para a 1ª Mostra
Cultural da escola.
A
professora Rosa Raia percebeu a mudança positiva dos estudantes em
relação à cultura indígena. “Espero ter contribuído, através deste
projeto, com a desconstrução de estereótipos e preconceitos. Meu desejo é
que as gerações futuras tenham consciência da importância dos povos
indígenas na sociedade brasileira."
A
estudante Anna Manoela Rodrigues Maia confirma o resultado positivo do
projeto. "Antes eu pensava que a cultura indígena não passava de uma
cultura antiga. Com o projeto Tupi-Português descobri pinturas, artes e
nomes que eu falo continuamente, mas não sabia que eram da língua
indígena.”
Mostra Cultural
O Dicionário Ilustrado Tupi-Português foi uma das atrações da 1ª Mostra Cultural da Dom Orione, realizada com o propósito de valorizar a diversidade racial, no dia 21 de outubro. O evento atraiu aproximadamente 500 pessoas para a escola. A exposição contou com a participação de toda a comunidade escolar, inclusive das turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e dos estudantes do Programa Escola Integrada.
A
Mostra valorizou a diversidade racial e a necessidade de compreender e
respeitar a diferença em todas as suas manifestações, através do lúdico,
da criatividade, das histórias e enredos. Além da exposição de
cartazes, trabalhos diversos com fotografias e pinturas, o público pode
usufruir de outras opções de diversão e informação encontradas nos
Espaços Jurídico, da Beleza, da Criança e do Xadrez.
Os estudantes da EJA do Centro de Convivência Pampulha e do Lar das
Idosas fizeram uma apresentação musical e uma exposição de colares
artesanais. A apresentação de Hip Hop e Graffite ficou por conta dos
estudantes do Programa Escola Integrada.
Mereceu
destaque a apresentação do grupo SPIN FORCE CREW que, há 25 anos, além
de representar o Hip Hop em Belo Horizonte, trabalha com projetos
sociais. Composto por 20 integrantes, o grupo trouxe um número artístico
desafiador: integrar o hip hop com o break beat e o funk soul e também o
graffite com a MPB, inspirado na poesia e nas músicas de Cartola,
Cazuza e Chico Buarque.
A
estudante Bruna Costa Soares, da turma 5º A, gostou muito da Mostra:
“Achei os trabalhos muito legais. Participei do projeto do Dicionário
Ilustrado e fiz a capa para o meu Dicionário. Gostei muito.” Pai da
estudante Bruna, o balconista de farmácia Antônio Soares também gostou:
“Vi trabalhos e apresentações muito interessantes. Visitei todos os
espaços. Espero que tenha mais no ano que vem”.
A diretora
da EM Dom Orione, Fátima Anselmo destacou a importância da atividade:
“A Mostra Cultural é um modo de atribuir sentido ao que foi trabalhado
com os alunos durante o ano. Neste evento, os alunos tiveram a
oportunidade de expor seus conhecimentos e produções construídas de
forma coletiva e individual, socializando-as com a comunidade,
explicou.
Fonte:https://prefeitura.pbh.gov.br/noticias/escola-municipal-cria-dicionario-ilustrado-tupi-portugues
Fonte:https://prefeitura.pbh.gov.br/noticias/escola-municipal-cria-dicionario-ilustrado-tupi-portugues
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