É
com imensa satisfação que apresento a exposição “Gênesis”, do artista plástico
Marcial Ávila, que tem como fonte de inspiração os territórios sagrados dos
terreiros de Candomblé e Umbanda e os festejos da irmandade de Nossa Senhora do
Rosário dos Homens Pretos, da cidade de Diamantina, em Minas Gerais. Mas o
trabalho também se inspira em várias outras manifestações profanas, resultantes
da diáspora africana no território mineiro.
Por
lidar especificamente com figuras humanas negras, as obras transformam-se num
veículo de representação desta etnia, dando-lhes visibilidade, raramente vista
em galerias de arte. A característica do trabalho e estilo do artista é
valorizar a cultura negra e sua estética, sem caricaturar ou torná-la exótica.
Deste modo, propõe uma nova leitura sobre a Gênesis, representando Adão e Eva
negros, transferindo para o homem a culpabilidade e mostrando Eva sem
sentimento de culpa ou intenção de pecado.
Focado
em teorias científicas que comprovam o surgimento do homem no Continente Africano,
mais especificamente entre Etiópia e Quênia, onde se encontra o Lago Turkana, o
artista escolhe esta região na qual foi encontrada a maior parte de fósseis de
hominídeos, transformando-a em seu Gênesis particular, fazendo uma alusão
direta à Capela Sistina, tentando “deseuropeizar” as figuras dos santos
católicos, representados com os fenótipos negroides, na tentativa do
reconhecimento do Continente Africano como o berço da humanidade.
Portanto,
que se manifeste a nossa inquietude sobre os conceitos de desterritorialização
e reterritorialização dos lugares e papeis do homem e da mulher, e também, das
raças ou etnias, a partir do convite que o artista nos faz.
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