A trajetória da inserção da temática racial nas escolas municipais começou na década de 90, mesma época em que as discussões sobre sexualidade ganhavam força no âmbito da educação no Brasil. Ao longo dessas décadas, as políticas educacionais voltadas para a valorização da diversidade e a superação das desigualdades foram ampliadas no âmbito da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte com a inclusão das temáticas gênero e diversidade sexual nas políticas educacionais. Atualmente, as ações de formação relacionadas a esses temas têm sido conduzidas, fundamentalmente, por meio do trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Relações Étnico-Raciais e de Gênero, integrante da Gerência de Coordenação da Política Pedagógica e de Formação da SMED. Criado em 2004, em consonância com as disposições da Lei 10.639/03, o Núcleo desenvolve um trabalho articulado em torno de três temas: a História da África e das culturas africana e afro-brasileira e a educação para as relações étnico-raciais; a educação para as relações de gênero; a educação para a diversidade sexual. Seu objetivo é assegurar o desenvolvimento de uma política educacional que possibilite a valorização da diversidade, a superação das desigualdades étnico-raciais e de gênero e o combate a práticas racistas, homofóbicas, sexistas e misóginas na educação municipal.
Justificativa
Dentre as transformações mais significativas empreendidas pelas reformas educacionais das últimas décadas, destacam-se a importância atribuída à cultura para a formação humana e a necessidade de articulação do currículo escolar com o movimento cultural da cidade e de outros territórios. As ações realizadas pelo Núcleo, em grande medida, estruturam-se nessa perspectiva: o Kit de Literatura Afro-Brasileira, as Mostras de Literatura, os Seminários sobre Orientação Sexual e Identidade de Gênero, entre outras. Com o objetivo de estreitar essa relação entre cultura e escola, dentro dos eixos que estruturam o trabalho do Núcleo, desenvolvemos, junto a alguns espaços museológicos de Belo Horizonte, dois Percursos articulados às temáticas étnico-racial e gênero, denominados “Território Negro” e “História de Mulheres”. Os dois Percursos apresentam articulações entre si, mas comportam especificidades que demarcam uma história, um campo cultural, um pertencimento específico no campo da cultura humana.
O “Território Negro” tem como finalidade favorecer a aproximação e o diálogo das escolas com espaços museológicos da cidade, de modo a possibilitar a apropriação de conhecimentos acerca das culturas africana e afro-brasileira, de suas histórias, suas produções intelectuais, científicas, tecnológicas e estéticas, e suas formas de organização social.
O Percurso “História de Mulheres” procura uma aproximação entre a temática de gênero, a educação e o acervo de espaços museológicos da cidade, com a finalidade de aguçar o olhar de professores e estudantes para a história das mulheres no Brasil e subsidiar o trabalho sobre relações de gênero nas escolas. Pretende-se, por meio dessa ação, promover a valorização do papel da mulher na economia, na política, nas ciências e tecnologias, nas artes, na literatura e nas relações de trabalho da sociedade brasileira, bem como construir uma estratégia de suporte para a política pública da SMED de promoção da igualdade nas relações de gênero.
Nessa perspectiva, apresentamos uma proposta de formação para os professores da RME, que tem como foco a elaboração de um projeto de trabalho para o desenvolvimento do Percurso dos Museus em suas escolas. O laboratório propõe estratégias para a construção fundamentada desse projeto, articulando debate teórico, atividades práticas e vivências.
Para acessar o blog do projeto, clique aqui.
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